O jornalista e dramaturgo deixou uma obra genial e polêmica. Era um provocador que conhecia profundamente a alma do brasileiro
Foi em uma redação que Nelson Rodrigues viu, aos 17 anos, seu irmão Roberto ser morto a tiros por uma leitora enfurecida, acusada de adultério numa reportagem.
Nelson estreou como repórter policial, aos 13 anos. Cobriu casos violentos que serviram de inspiração. “E assim a minha vida e a minha obra é uma meditação enorme e infinita sobre amor e sobre a morte”.
Tragédias pessoais também marcaram sua trajetória. A morte do pai, a tuberculose, a miséria, a fome. O teatro foi a salvação. “Ele sabia que o dinheiro do teatro é quase imediato, ou seja, você recebe o dinheiro daquela bilheteria daí a poucos dias, né?”, declara Ruy Castro.
Foram 17 peças ao todo, nove romances, sete livros de contos e crônicas e milhares de artigos de jornais. “A vida é um carnaval de seres furiosos com a própria insatisfação e a própria frustração”.
Menino pernambucano que chegou ao Rio antes dos cinco anos, Nelson Rodrigues adotou a cidade onde viveu até a morte. Observador, viu nos cariocas, na maneira de falar do povo, seus tipos, suas figuras, matéria prima para suas crônicas, contos e peças. Bem humorado e frasista de primeira, o gênio da dramaturgia definiu assim os nativos da terra.
“O Nelson falava, né? O carioca é o ser mais efusivo que existe, é o único ser do planeta capaz de gritar uma confidência totalmente secreta de uma calçada pra outra, né?”, diz Ruy Castro.
O homem que criticava a unanimidade deixou um legado imortal. "Nós não morreremos nunca e não há nada mais irreversível do que a alma humana" .
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