Uma vez, há muitos,
muitos anos, um menino olhou o mundo com olhos interrogadores. Tudo era
mistério em torno dele.
Era numa casa grande. O arvoredo que a cercava amanhecia
sempre cheio de cantos de pássaros.
O mundo não terminava ali no fim daquela rua quieta, que
tinha um cego que tocava concertina, um cachorro sem dono que se refestelava ao
sol, um português que pelas tardinhas se sentava à frente de sua casa e
desejava boa tarde a toda a gente.
Não. O mundo ia além. Além do horizonte havia mais terras, e
campos, e montanhas, e cidades, e rios e mares sem fim.
Dava em nós vontade de correr mundo, andar nos trens que
atravessavam as terras, nos vapores que cortam os mares.
Nos olhos do menino havia uma saudade impossível, a saudade
de uma terra nunca vista.
Erico Veríssimo
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