Se uma notícia ruim me atravessar não me prenderei a ela. Hoje
preciso ver além da chuva, hoje preciso sentir além do frio, só assim não me
recolherei. Recomponho a dor de me perder para o acaso, isto que toma de
surpresa pelo caminho e desmorona as esperanças. Agora adio a felicidade sem
pressa de possuí-la. Esqueço o nome do filho que não tive, lembro das viagens
que fiquei por fazer, me divirto pensando nas noites que não dancei. Meu corpo
corrompe com o trato de irmos até o fim, não envelheceremos só para não perder
a memória. Começo a morrer para a vida ser mais intensa. Se duvidarmos do
amanhã, o hoje não poupará na plenitude. Escrevo minha história para não
publicá-la, quero ser uma carta que ficou por ser enviada.
Cah Morandi
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