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terça-feira, 11 de setembro de 2012

Um menino olhou o mundo com olhos interrogadores


 Uma vez, há muitos, muitos anos, um menino olhou o mundo com olhos interrogadores. Tudo era mistério em torno dele.
Era numa casa grande. O arvoredo que a cercava amanhecia sempre cheio de cantos de pássaros.
O mundo não terminava ali no fim daquela rua quieta, que tinha um cego que tocava concertina, um cachorro sem dono que se refestelava ao sol, um português que pelas tardinhas se sentava à frente de sua casa e desejava boa tarde a toda a gente.
Não. O mundo ia além. Além do horizonte havia mais terras, e campos, e montanhas, e cidades, e rios e mares sem fim.
Dava em nós vontade de correr mundo, andar nos trens que atravessavam as terras, nos vapores que cortam os mares.
Nos olhos do menino havia uma saudade impossível, a saudade de uma terra nunca vista.
 
 Erico Veríssimo  



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