A vida precisa do vazio: a lagarta dorme num vazio chamado
casulo até se
transformar em borboleta. A música precisa de um vazio chamado
silêncio para ser ouvida. Um poema precisa do vazio da folha de papel em branco
para ser escrito. E as pessoas, para serem belas e amadas, precisam ter um
vazio dentro delas. A maioria acha o contrário; pensa que o bom é ser cheio.
Essas são as pessoas que se acham cheias de verdades e sabedoria e falam sem
parar. São umas chatas quando não são autoritárias. Bonitas são as pessoas que
falam pouco e sabem escutar. A essas pessoas é fácil amar. Elas estão cheias de
vazio. E é no vazio da distância que vive a saudade...
Texto extraído da
crônica “O Vazio” de Rubem Alves
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